Hacktivismo em Foco: CyberTeam intensifica ataques de defacement e redefine parâmetros operacionais
Segundo levantamento da ISH, ações causam impactos financeiros e reputacionais às organizações
A equipe de Inteligência de Ameaças da ISH Tecnologia alerta sobre ataques de hacktivismo – isto é, o uso de técnicas de hacking motivadas por objetivos políticos, sociais ou ideológicos – realizados pelo grupo CyberTeam. Diferentemente do cibercrime tradicional, que visa lucro direto, o hacktivismo une métodos de invasão com uma causa: denunciar fragilidades, expor práticas consideradas injustas e provocar debates públicos. Essa postura é evidenciada nas investidas do grupo, que desde 2017 demonstra notável capacidade de desconfigurar websites e explorar vulnerabilidades em servidores e sistemas de gerenciamento de conteúdo, como Apache, Nginx e WordPress.
Além disso, as ações do CyberTeam envolvem a comercialização de credenciais via canais dedicados – frequentemente negociadas por meio de apps mensageiros – afetando tanto órgãos governamentais quanto empresas de diversos portes. Os ataques causam prejuízos financeiros, danos à reputação e elevam os custos de recuperação dos sistemas comprometidos. Ao articular uma mensagem ideológica com técnicas de cibercrime, o grupo busca não apenas gerar impacto imediato, mas também tornar público o que considera ser um protesto contra a vulnerabilidade dos sistemas.
A análise realizada no relatório adota uma abordagem em três níveis – estratégico, tático e operacional – proporcionando uma visão integral da ameaça. No nível estratégico, são avaliados os segmentos de mercado e o impacto financeiro potencial dos ataques, que variam desde simples desfigurações até episódios de extorsão e vazamento de informações sensíveis. O CyberTeam, responsável pela desconfiguração de mais de 528 domínios, opera em uma dupla vertente: o protesto digital e a demonstração de seu poder disruptivo.
No aspecto tático, o relatório detalha o histórico evolutivo do grupo, identificando membros notórios – como Zambrius, Squizzy, Hypnotic, LastMalware, K4M1, Alone, BlackHat, Anonymous, entre outros –, e evidenciando períodos de interrupção e retomada das atividades. Após uma pausa em novembro de 2020, o grupo retornou em abril de 2022, adotando uma nova dinâmica que inclui a postagem de mensagens em formatos diversificados (PDF, TXT, HTML e PHP) para reafirmar sua “marca”. Essa pluralidade de métodos demonstra uma evolução contínua, que vai desde a exploração de vulnerabilidades (como as registradas em CVE-2019-0211, CVE-2019-0197, CVE-2023-25860 e outros) até a manipulação de canais digitais para o comércio de acessos.
A dimensão operacional do relatório ressalta a importância dos Indicadores de Comprometimento (IOCs) coletados – com assinaturas digitais e hashes específicos – que facilitam a identificação e a remediação dos incidentes. Ao mapear essas evidências, a ISH Tecnologia não só comprova sua capacidade de detectar invasões, mas também orienta as organizações a conter rapidamente a ameaça.
“A resposta imediata é crucial para mitigar os impactos. É fundamental atualizar de forma sistemática servidores, CMS e plugins, aplicando os patches de segurança necessários; implementar autenticação multifator e configurar Web Application Firewalls robustos para evitar acessos não autorizados; e estabelecer auditorias contínuas para identificar e revogar credenciais comprometidas. Além disso, a elaboração de um plano de resposta a incidentes – que detalhe procedimentos desde a identificação até a comunicação com stakeholders – é essencial para minimizar os danos em uma nova invasão”, afirma Ismael Rocha, Especialista em Inteligência de Ameaças, ISH Tecnologia.
“A prevenção deve ser um esforço contínuo. Compreender não apenas o perfil e a evolução dos ataques, mas também as táticas, técnicas e procedimentos (TTPs) adotados pelo CyberTeam, é vital para que as organizações direcionem seus investimentos em cibersegurança de forma mais assertiva”, conclui.
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