Resiliência cibernética e Tecnologia Operacional: como proteger infraestruturas críticas contra ameaças digitais?

Resiliência cibernética e Tecnologia Operacional: como proteger infraestruturas críticas contra ameaças digitais?

Com o avanço da tecnologia e da digitalização das infraestruturas industriais, tornou-se essencial garantir a resiliência cibernética em ambientes OT (Operational Technology). Prova disso é que ambientes como usinas de energia, sistemas de transporte e instalações de manufatura estão cada vez mais expostas a ameaças digitais, o que requer a implementação de medidas robustas de segurança.

Primeiro, vamos entender um pouco sobre os sistemas de Tecnologia Operacional (OT), que são responsáveis pelo controle e monitoramento de processos industriais essenciais. Diferentemente dos sistemas de Tecnologia da Informação (TI), que gerenciam dados e informações, este ambiente lida diretamente com a operação física e o controle de equipamentos e processos.

A Tecnologia Operacional também é definida pela presença de sistemas de controle industrial, dispositivos de campo e redes de comunicação específicas. A interconexão desses componentes com a infraestrutura digital expõe as organizações a ameaças, tornando a resiliência cibernética um requisito crucial na proteção desses sistemas.

Um dos principais gatilhos de riscos, por exemplo, é a crescente interconexão entre os sistemas OT e as redes de TI. Essa convergência proporciona eficiência e visibilidade operacional, mas cria uma superfície expandida de ataque. Nestes casos, os invasores cibernéticos podem explorar vulnerabilidades em sistemas de TI para acessar redes OT, comprometendo a segurança e a continuidade dos serviços fundamentais.

Além disso, as vulnerabilidades específicas encontradas nesses ambientes também exigem atenção especial. Muitos desses sistemas foram projetados e implantados antes da consideração adequada à segurança cibernética, resultando em lacunas e fraquezas, dentre as quais estão as falhas de projeto, configurações inadequadas, falta de autenticação robusta, dispositivos desatualizados e ausência de monitoramento.

Um estudo publicado pela Fortinet, de nominado o “Estado da Tecnologia Operacional e Cibersegurança 2023”, revela que a maioria das companhias de Tecnologia Operacional foram atacadas em 2022. De acordo com o relatório, essas empresas continuam sendo um alvo desejado pelos cibercriminosos, com 75% delas relatando pelo menos uma invasão no ano passado. O resultado está vinculado à explosão de dispositivos conectados, que aumentou a complexidade para as organizações de OT. 

O cenário reforça que a resiliência cibernética passou a desempenhar um papel fundamental na mitigação desses riscos e vulnerabilidades, tendo em vista que este ato se resume na capacidade de um sistema de se adaptar, resistir, se recuperar e seguir operando de maneira segura e eficiente diante de incidentes.

Para isso, avaliar riscos e fazer um planejamento assertivo é o primeiro passo para este processo. Isso envolve identificar as vulnerabilidades existentes nos sistemas e redes, bem como avaliar as ameaças potenciais e determinar o impacto que uma violação de segurança poderia ter nas operações.

Com base nessa avaliação, é possível desenvolver um plano de segurança personalizado, que inclua políticas de acesso, segmentação de redes, monitoramento contínuo e implementação de soluções de segurança avançadas, como firewalls industriais e detecção de intrusões.

Dentre os pontos, destaca-se a segmentação de redes e o isolamento de sistemas críticos. Ao dividir a infraestrutura em zonas de segurança e restringir o acesso entre elas, é possível limitar a propagação de um ataque cibernético e minimizar os danos causados. Além disso, é importante isolar estes sistemas, a fim de garantir que não haja conexões diretas com redes não confiáveis, como a internet. E para complementar as etapas citadas, também devemos destacar o monitoramento contínuo dos sistemas e redes em tempo real. E, mesmo com todas as medidas de prevenção, é importante estar preparado para responder a incidentes cibernéticos e se recuperar de desastres por meio de um plano bem definido, sem esquecer de manter testes regulares do plano.

Ao compreender os riscos específicos e adotar medidas adequadas, as indústrias podem proteger seus sistemas e redes contra ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas.

Por: Allan Campos sênior manager da ICTS Protiviti

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