O potencial e os riscos da Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial tem despertado discussões profundas sobre seus impactos e o futuro da humanidade. Entre preocupações com a criação de sistemas cada vez mais autônomos e o entusiasmo com as oportunidades que ela oferece, cresce a necessidade de refletirmos sobre o equilíbrio entre inovação, ética e regulamentação. Recentemente, li o livro Existential Physics, da Sabine Hossenfelder, que me fez pensar novamente sobre essas questões.
Na obra, a autora cita que muitas pessoas importantes no mundo da tecnologia já expressaram apreensão sobre o que está por trás da criação de uma inteligência tão poderosa: a AGI (Artificial General Intelligence). Essa tecnologia representa o momento em que a IA adquire uma capacidade cognitiva similar ou até superior à dos seres humanos.
“Elon Musk acha que é a maior ameaça existencial. Stephen Hawking disse que isso poderia ser o pior acontecimento da história da nossa civilização. O cofundador da Apple, Steve Wozniak, acredita que a IA vai eliminar os humanos lentos para que as empresas funcionem de forma mais eficiente e Bill Gates se posicionou no grupo que demonstrou preocupação com a superinteligência já em 2015”, cita a autora.
O que temos atualmente no mercado – como o ChatGPT, Copilot e Bard -, conhecidas como IAs generativas, são apenas a ponta do iceberg. Até onde se sabe, as AGIs permanecem no campo teórico, mas na velocidade em que essas tecnologias vêm sendo desenvolvidas e tornadas cada vez mais inteligentes, a AGI real pode estar mais próxima do que imaginamos.
Por outro lado, em pouco mais de 2 anos após o lançamento, a Inteligência Artificial já representa uma revolução em diversas atividades. De criação de conteúdos até análises e descobertas científicas, a IA tem representado um salto na produtividade e na multiplicidade de novas opções oferecidas e tem tudo para ser a inovação mais disruptiva da história.
Um estudo recente da empresa de consultoria norte-americana McKinsey mostra que a IA generativa, sozinha, poderá gerar de US$ 2,6 a US$ 4,4 trilhões em impacto econômico anual. Na contramão, temos nos deparado com diversas polêmicas éticas e legais, até mesmo sobre direitos autorais e propriedade intelectual.
Um exemplo recente foi o caso da empresa de animação japonesa Studio Ghibli, que teve os traços de seus desenhos imitados por um gerador de imagens do ChatGPT. Em uma hora, a plataforma atraiu um milhão de novos usuários e transformou milhões de fotos pessoais em ilustrações ao estilo criado pelo desenho japonês.
Também temos bons exemplos do uso dessas tecnologias, que podem ajudar no dia a dia das pessoas e até salvar vidas. Na área da saúde, por exemplo, há sistemas de monitoramento contínuo que observam sinais vitais como pressão arterial, frequência cardíaca, níveis de glicose e outros parâmetros, auxiliando na prevenção de doenças e em diagnósticos mais precisos.
Na área de segurança, a inteligência artificial permite prever situações de risco com mais precisão, evitando acidentes e elevando os padrões de segurança no ambiente industrial.
Quando o assunto é produtividade, há inúmeras ferramentas que colaboram na otimização do tempo, na desburocratização de processos e na redução de trabalhos repetitivos, que ainda podem ajudar a reduzir doenças profissionais, tanto físicas quanto mentais. Questões administrativas, financeiras, entre outras, têm se tornado mais dinâmicas, oferecendo mais tempo para atividades que a máquina ainda não consegue executar, especialmente na tomada de decisões estratégicas.
Diante dessa realidade, é fundamental estarmos atentos a novas habilidades e profissões que tendem a surgir nessa era tecnológica. Algumas áreas devem desaparecer para dar lugar a outras, o que exigirá uma qualificação muito maior.
Esse, inclusive, é outro grande desafio que muitos países terão de encarar, especialmente o Brasil, que ainda enfrenta um alto déficit educacional e de formação profissional. Por fim, acredito que estamos apenas começando a compreender todo o potencial e os riscos que a inteligência artificial carrega.
Na minha visão, neste momento, o caminho mais sensato passa pelo conhecimento, pela preparação e, principalmente, pela regulamentação. Precisamos ter princípios éticos e legais bem definidos para uso e desenvolvimento dessas tecnologias superinteligentes agora e no futuro.
Por: Rogério Baldauf
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