Como mitigar os riscos nas cidades inteligentes

Como mitigar os riscos nas cidades inteligentes para se tornarem mais seguras, resilientes e sustentáveis

Especialistas da Check Point Software alertam para as principais ameaças à segurança cibernética em cidades inteligentes, destacando impactos globais e formas de mitigar riscos para garantir sua resiliência

À medida que o desenvolvimento das cidades inteligentes avança, com suas promessas de inovação, sustentabilidade e qualidade de vida urbana aprimorada, também é preciso considerar os riscos cibernéticos emergentes que acompanham esses avanços.

Uma cidade inteligente integra tecnologias avançadas – como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e 5G – para ofertar serviços como gestão de tráfego, distribuição de água e sistemas de resposta a emergências de maneira mais eficiente. No entanto, esses sistemas também se tornam vulneráveis a ataques cibernéticos, podendo causar grandes interrupções, como ressaltam os especialistas da Check Point Software.

O desenvolvimento global das cidades inteligentes tende a crescer. Segundo a Statistica, o mercado global de Cidades Inteligentes deve alcançar uma receita de US$ 72,52 bilhões em 2024. Esse mercado tem sido impulsionado por governos que reconhecem seu potencial para promover sustentabilidade e crescimento econômico.

Países como Singapura e Coreia do Sul lideram com iniciativas avançadas em cidades inteligentes, enquanto a China anunciou um “Plano de Desenvolvimento de Cidades Inteligentes” como parte do programa “Made in China” 2025, e a Alemanha investiu mais de EUR 1 bilhão (euros) em tecnologias urbanas. No Brasil, o ranking Connected Smart Cities listou as 100 cidades consideradas mais inteligentes e conectadas no país, com destaque para Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Niterói entre as mais inovadoras.

No entanto, a proliferação dessas tecnologias inteligentes e a interconectividade das infraestruturas urbanas ampliam a superfície de ataque para criminosos cibernéticos, Estados-nação e hacktivistas. A seguir, os especialistas da Check Point Software exploram as principais ameaças cibernéticas que as cidades inteligentes enfrentarão nos próximos anos, o potencial impacto dessas ameaças nas comunidades globais e como é possível mitigar esses riscos para garantir a resiliência das cidades do futuro.

Crescimento das cidades inteligentes

De acordo com pesquisas da Frost & Sullivan, o investimento em tecnologias de cidades inteligentes deve atingir US$ 327 bilhões até 2025, comparado a US$ 96 bilhões em 2019. As cidades inteligentes dependem de sistemas interconectados que fornecem dados em tempo real para melhorar a tomada de decisões, resultando em maior eficiência urbana e sustentabilidade. Por exemplo, sinais de trânsito inteligentes podem reduzir congestionamentos, enquanto medidores de água inteligentes podem detectar vazamentos, preservando recursos preciosos.

No entanto, essa interconectividade também torna as cidades alvos atrativos para ataques cibernéticos. A integração de serviços urbanos via Internet e soluções baseadas em nuvem implica que um ataque a um sistema pode ter efeitos em outros, afetando serviços essenciais como saúde, transporte e energia.

Principais ciberameaças para cidades inteligentes

  1. Ataques de ransomware à infraestrutura crítica: Ataques de ransomware a cidades têm aumentado, paralisando operações por meio da criptografia de sistemas. Em muitos casos, os cibercriminosos exigem pagamentos elevados para restabelecer o acesso aos serviços críticos, forçando governos locais a pagar resgates ou enfrentar longos períodos de interrupção dos serviços. O impacto real pode ser alarmante, desde a perda de transporte e serviços essenciais até potenciais perdas de vidas.
     
  2. Ataques aos sistemas de segurança pública: Sistemas de alerta de emergência, vigilância por vídeo e tecnologias de detecção de disparos são cruciais para a segurança pública, mas também são alvos preferenciais de ataques cibernéticos. De acordo com uma pesquisa de 2020 de especialistas em segurança cibernética pela universidade UC Berkeley nos Estados Unidos, sistemas de alerta de emergência foram classificados como os mais vulneráveis entre as tecnologias de cidades inteligentes. Uma invasão nesses sistemas pode provocar falsos alarmes, incitar pânico ou atrasar respostas a emergências reais.
     
  3. Vazamento de dados e questões de privacidade: Cidades inteligentes coletam enormes quantidades de dados sobre os cidadãos, desde hábitos de transporte até informações de saúde. Com o uso crescente de sensores, câmeras e dispositivos IoT, o potencial para vazamentos de dados é uma preocupação significativa. Um ataque bem-sucedido poderia expor informações pessoais sensíveis, resultando em roubo de identidade, fraudes financeiras e perda de confiança nas instituições públicas.
     
  4. Vulnerabilidades no abastecimento e saneamento de água: Em 2021, hackers tentaram envenenar o abastecimento de água de Oldsmar, na Flórida, nos Estados Unidos, manipulando níveis químicos no tratamento da água. Embora esse ataque tenha sido frustrado, destacou os perigos de ciberataques em infraestruturas vitais, como instalações de tratamento de água. No Brasil, no último dia 22 de outubro, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informou ter sido vítima de ataque cibernético e que não foram identificados vazamentos de dados. Esses exemplos, mesmo sem grandes impactos, acionaram um alerta. Em uma cidade inteligente, essas vulnerabilidades podem se estender ao uso generalizado de medidores de água inteligentes e sistemas de detecção de vazamentos, podendo levar a interrupções no acesso e qualidade da água.

Ataques de grupos Estados-nação a segmentos críticos de infraestrutura, como serviços de utilidade pública, representam outra preocupação crescente entre os gestores de cidades inteligentes, uma vez que esses ataques podem ter consequências geopolíticas, gerando caos e enfraquecendo a confiança pública nas instituições governamentais.

Impacto global: riscos para cidadãos e comunidades

À medida que as cidades inteligentes evoluem, os riscos de ciberataques transcendem fronteiras. Um ataque bem-sucedido em uma cidade pode ter consequências amplas, afetando regiões vizinhas e serviços internacionais. Por exemplo, um ataque ao sistema energético de uma cidade pode interromper o fornecimento de energia em uma grande área geográfica, afetando hospitais, escolas e empresas. Da mesma forma, uma violação no transporte urbano poderia atrasar embarques internacionais, impactando o comércio global.

As implicações financeiras desses ataques também são profundas. Segundo um relatório da Accenture, o custo do cibercrime deverá alcançar US$ 10,5 trilhões anualmente até 2025, com as cidades assumindo uma parte significativa desse ônus.

Preparando-se para os riscos cibernéticos do futuro

Para proteger o futuro das cidades inteligentes, é necessário implementar medidas de segurança robustas hoje. Governos, empresas e cidadãos devem atuar em conjunto para garantir a resiliência das cidades frente às ameaças cibernéticas. Os especialistas da Check Point Software indicam as seguintes estratégias:

  • Adotar princípios de segurança: Incorporar segurança cibernética no desenvolvimento de tecnologias de cidades inteligentes desde o início do projeto.
  • Colaboração entre setores: Proteger as cidades inteligentes requer colaboração entre setores público e privado.
  • Investir em talentos de segurança cibernética: Investir na formação e retenção de profissionais capacitados.
  • Conscientização dos cidadãos: Os cidadãos devem praticar bons hábitos de segurança cibernética.
  • Desenvolver planos de resposta a incidentes: Planos robustos de resposta a incidentes são essenciais para recuperação rápida.

A promessa das cidades inteligentes é extraordinária – maior qualidade de vida, eficiência e sustentabilidade. No entanto, sem abordar as ameaças cibernéticas, esses benefícios podem ser ofuscados por riscos significativos.

Segundo os especialistas da Check Point Software, enquanto as cidades do futuro são construídas, é essencial implementar medidas proativas que protejam a infraestrutura crítica, resguardem os dados dos cidadãos e garantam resiliência frente aos ataques cibernéticos. Ao adotar princípios de segurança por design, promovendo a colaboração, investindo em talento e aumentando a conscientização pública, é possível criar cidades inteligentes que são não apenas inovadoras, mas também seguras para todos os cidadãos, pavimentando o caminho para um futuro em que a tecnologia melhora a vida urbana sem comprometer a segurança.

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