Privacidade em pauta: o iPhone como exemplo da mudança de cenário.
A recente atualização do iPhone (iOS 26) trouxe recursos que reforçam a proteção de dados e a privacidade do usuário — filtros para chamadas suspeitas, barreiras adicionais para proteger crianças, navegação mais segura e ferramentas de inteligência artificial que funcionam diretamente no aparelho.
Mais do que simples melhorias tecnológicas, essas mudanças revelam uma transformação silenciosa, porém profunda: a privacidade tornou-se uma demanda real do consumidor. A cada nova notícia sobre golpes, vazamentos de dados e fraudes digitais, cresce a pressão para que produtos e serviços ofereçam mecanismos de proteção nativos. Empresas que não acompanham essa mudança correm risco não apenas de sofrer sanções regulatórias, como as previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas também de perder credibilidade junto ao público.
Essa expectativa está diretamente ligada à vulnerabilidade do usuário comum. Hoje, dados pessoais são ativos de alto valor comercial, mas também um vetor de ameaça quando tratados de forma inadequada. Informações aparentemente simples — telefone, CPF, endereço de e-mail — alimentam golpes de engenharia social, sequestro de contas, fraudes financeiras e até ataques direcionados. Não surpreende que consumidores passem a exigir que fornecedores adotem design de privacidade, comuniquem de forma clara como usam os dados e implementem mecanismos de segurança desde a concepção de seus produtos e serviços.
O movimento visto em grandes empresas de tecnologia sinaliza que o padrão de mercado mudou. Para se manterem competitivas e confiáveis, organizações que lidam com dados de clientes, funcionários e parceiros precisam mapear e controlar os fluxos de informações que operam, adotar medidas preventivas de segurança e governança, revisar contratos e políticas internas e treinar colaboradores para lidar com incidentes e demandas de titulares.
A adequação à LGPD deixou de ser apenas uma obrigação regulatória: tornou-se uma estratégia de proteção de marca e reputação. Em um cenário de ameaças digitais cada vez mais sofisticadas, quem não investe em privacidade acaba mais exposto, tanto a riscos legais quanto a crises de confiança.
Se sua empresa ainda não estruturou um programa de privacidade e proteção de dados, este é o momento. Revisar políticas, contratos e fluxos de informação não só atende à legislação, como fortalece a confiança do mercado e reduz riscos de incidentes e danos reputacionais.
Por: Cecília Freitas, advogada da área de Direito Digital do escritório Emerenciano, Baggio & Associados – Advogados.
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