Fraudes de identidade em cripto cresceram 50% na América Latina em 2024

Fraudes de identidade em cripto cresceram 50% na América Latina em 2024

Plataformas de criptomoedas tiveram aumento de 20% no tráfego em meio à aprovação de regulamentações, enquanto fraudes envolvendo documentos permanecem as mais comuns

As fraudes de identidade em plataformas de criptomoedas aumentaram 50% na América Latina, um movimento que acompanhou a aprovação de regulações regionais e maior interesse do público. A Sumsub, plataforma global de verificação de identidade de ponta a ponta, considerou 2024 como o “ano do onboarding” na indústria, com eventos como a eleição de Donald Trump, nos EUA, e a alta do Bitcoin em novembro levando a um aumento de 20% no tráfego das plataformas do setor.

Estes são alguns dos insights apresentados pela empresa no relatório “State of the Crypto Industry 2025. Para a Sumsub, 2025 será um ano de normas ainda mais rígidas e investimentos em infraestrutura, além de desafios envolvendo a segurança do setor. Além disso, as regulações devem estar em pauta, com estes sendo os três principais desafios atuais para as empresas de cripto.

Fraudes e segurança

O aumento do índice de fraude na América Latina (50%) está ligeiramente acima do número global, que é de 48%. As fraudes de documentos estão entre as mais registradas pela Sumsub em todo o mundo, representando 31% dos casos; os ataques de phishing aparecem na segunda colocação, com 20%, enquanto a lavagem de dinheiro com o uso de “laranjas” representou 15% dos casos.

Enquanto 2,2% das verificações realizadas pela Sumsub em todo o mundo tiveram indicações de fraude, o Brasil aparece com índice relativamente baixo na América Latina. Por aqui, apenas 0,7% das análises resultaram em negativo, enquanto a República Dominicana tem o pior resultado do território, com 2,4%.

O Brasil também é líder em taxas de aprovação na América Latina, com 93% de processos positivos, à frente da Colômbia (92%) e do Peru (90%). A Argentina tem a melhor proporção de positivos, com 97%. 

Picos de tráfego e métodos de verificação mais ágeis

O relatório também destaca o uso de checagens biométricas, automações usando inteligência artificial e a adoção de métodos de verificação que não envolvem fotos de documentos, mas sim análises em blockchain, bureaus de crédito ou bancos de dados de provedores de serviço. Tais aspectos garantem mais agilidade e segurança ao processo, com os tempos de verificação caindo 46% em todo o mundo, enquanto as taxas de sucesso no onboarding de usuários chegaram a 93%, elementos essenciais em um momento de aumento no fluxo.

A Sumsub destaca o Brasil como um dos países que estão à frente nessa mudança de paradigma, ao lado do Reino Unido e Bangladesh como as nações com autenticação sem documentos mais rápida do mundo: todo o processo é completado em apenas dois segundos. Em todo o mundo, a adoção de verificações que não utilizam documentos cresceu 19%, com a África apresentando o maior índice de adoção, 27%. 

“Os países da América Latina estão passando por uma ampla transformação digital, com grande adoção de serviços financeiros digitais e incentivos governamentais para a modernização de infraestruturas”, explica Andrew Novoselsky, Diretor de Produtos da Sumsub. “Nesse cenário, o monitoramento de transações é crucial para detectar atividades suspeitas e realizar avaliações de risco, reduzindo fraudes e perdas financeiras, além de detectar crimes como lavagem de dinheiro, roubo de identidade ou o uso de cartões de crédito furtados.”

Com a adoção de verificações sem documentos, os players do setor de criptomoedas também pretendem resolver algumas das principais questões que ainda dificultam o acesso às plataformas. O tempo de validação é o principal deles, citado por 36% das empresas como um desafio, mas os falsos positivos e negativos, com 48%, e as dificuldades na experiência de usuário (55%), são desafios ainda maiores.

Travel Rule e outros desafios regulatórios

De acordo com o levantamento da Sumsub, três em cada cinco empresas (60%) do setor esperam regulamentações ainda mais rígidas em 2025. O principal ponto de atenção aqui é a chamada Regra de Viagem (Travel Rule), que obriga as instituições a informarem detalhes de origem e destino das transações com criptomoedas. No Brasil, a norma ainda não foi implementada e segue em fase de discussão pelo Banco Central.

Segundo o relatório, apenas 29% dos players globais do setor já estão de acordo com a norma. A Sumsub considera Ilhas Caimã, Bermudas e o Panamá, como as regiões mais amigáveis ao mercado de cripto na América Latina, com regulações bem definidas, infraestrutura robusta e foco em inovação, enquanto do outro lado, o principal obstáculo citado é a falta de orientação clara dos órgãos reguladores, com a não-conformidade podendo levar a sanções e multas. 

“O incentivo da administração Trump a ativos digitais mudou o jogo, tirando atenção da Europa e posicionando os Estados Unidos como um possível hub de inovação”, comenta Ilya Brovin, Chief Growth Officer da Sumsub. “Ainda assim, o ambiente regulatório evolui rapidamente e as companhias do setor de criptomoedas não podem se deixar ficar para trás, principalmente diante de normas que não são fáceis de atender.”

Metodologia

O estudo compara a verificação interna de identidade e os dados de usuários entre 2023 e 2024, incluindo taxas de aprovação, tempo de verificação e tentativas de fraude em várias regiões. O relatório também inclui informações da Pesquisa da Indústria Cripto da Sumsub de 2024, com respostas de mais de 300 companhias dos setores de cripto, bancos, pagamentos e e-commerce.

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