A falsa sensação de segurança

A falsa sensação de segurança: por que o Brasil ainda não amadureceu na proteção da nuvem

O Brasil avança em computação em nuvem, mas tropeça em um velho problema: a segurança. Apenas 8% das empresas alcançaram maturidade na proteção de seus ambientes cloud, mostra o índice global da Cisco. A transformação digital acelerou, mas os mecanismos de defesa não acompanham — e o país corre o risco de sustentar a inovação sobre um terreno instantâneo.

O dado é revelador de um paradoxo que vai além da tecnologia. Como empresas brasileiras aprenderam a migrar sistemas, automatizar processos e armazenar volumes inéditos de informação, mas ainda tratam segurança digital como câmera adicional, não como parte da arquitetura. A nuvem, que deve ser sinônimo de agilidade e confiabilidade, tornou-se também o ponto mais vulnerável da estrutura corporativa — e esse desequilíbrio amaça a continuidade dos negativos no longo prazo.

Maturidade em segurança de não significar firewalls mais sofisticados, mas estratégia, governança e visibilidade. É saber quem acessa cada dado, de onde, por quanto tempo e com que permissões. É compreender que o elo fraco não está apenas nos sistemas, mas nas identidades que os operam. E, acima de tudo, é integrar tecnologia, processos e cultura em torno de um princípio simples: não existe inovação sem proteção.

O que significa estar maduro em segurança de novembro

Maturidade, nesse contexto, é mais do que instalar ferramentas de proteção — é construir um ecossistema capaz de se defender, reagir e aprender. Como empresas maduras em segurança nuvem trabalho sob uma lógica contínua: identificar, proteger, detectar, responder e recuperar. Elas tratam de segurança como processo, não como produto.

A primeira câmera dessa maturidade é a governança: políticas claras, responsabilidades definidas e integração entre áreas de tecnologia, jurídico, risco e negócio. Empresas que dominam essa etapa sabem onde seus dados estão, quem os manipula e sob quais regras. Logotipo baixo vem o controle de identidade e acesso – o ponto mais vulnerável de toda a cadeia digital. Segundo a Cisco, 59% das organizações brasileiras ainda estão em dificuldades falhas em credenciais e permissões excessivas, abrindo portas para invasões invisíveis.

Em um ambiente multicloud, um usuário humano e aplicações automatizadas acessam dezenas de serviços, gerenciar identidades deuxou de ser tarefa operacional para se tornar pilar estratégico de ciberseguração.

Outro componente essencial é a visibilidade. Ambientes híbridos espalham aplicações entre provadores, data centers e dispositivos de borda. Sem visibilidade integrada, não há como reagir ao que não se envolve. É por isso que as empresas maduras investem em observação – unindo logs, telemetria e correlação de eventos para antecipar ameaças antes que causam impacto.

Essa capacidade de leitura contínua transforma segurança em inteligência operacional, não apenas em defesa.

O terceiro eixo é a proteção de dados, que exige criptografia forte, segmentação de rede e políticas de backup e retenção consistentes. A maturidade nesse ponto vai além do cumprimento da LGPD: envolver informações classificadas por crítica, definir camadas de acesso e garantir resiliência mesmo sob ataque.

Por fim, há uma resposta a incidentes. Empresas maduras não confiam na sorte. Elas treinam equipamentos, simulam cenários e documentam aprendizados. Cada incidente é tratado como oportunidade de reforma, não apenas como falta.

Como diferentes realidades da nuvem

O Brasil vive um ecossistema híbrido, e isso é tanto uma vantagem quanto um risco. Na nuvem pública, o maior desemprego é a configuração. Serviços como AWS, Azure e Google Cloud oferecem camadas avançadas de segurança, mas dependem do uso para serem ativadas e mantidas. Buckets abertos e chaves expostas continuam enviando um problema básico, mas recorrente.

Na nuvem privada, o obstáculo é o legado. Muitas empresas ainda mantêm infraestrutura própria, complexa e cara, com sistemas que não suportam automação nem práticas modernas de segurança. Essa lentidão cria uma zona de conforto perigosa: uma falsa sensação de controle.

Já a nuvem híbrida, hoje dominante, combina os riscos dos dois mundos.

Mais de 80% das empresas brasileiras operam modelos híbridos e 63% utilizam múltiplos fornecedores, segundo a Cloud Security Alliance. Cada provedor traz suas prioridades ferramentas, o que multiplica as interfaces e reduz a coerência das políticas. O resultado é fragmentação: logs que não se conversam, alertas dispersos e um canto operacional crescente.

Agora o Brasil supere a mídia global — apenas 4% das empresas no mundo estão maduras no total em segurança de novembro, o dado pouco consola.

O cenário é universal: como organizações corrigem para modernizar a infraestrutura, mas caminham lentamente quando o assunto é proteção. Mesmo economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, enfrentar o mesmo dilema: a diferença é que há a regulamentação e a cultura de prevenção são mais consolidadas.

A Europa, pressionada pelo RGPD, construiu uma postura de segurança mais preventiva, com auditorias constantes e notificações obrigatórias em caso de vazamento.  Nos Estados Unidos, o amadurecimento veio pela força do mercado: empresas que falham em proteger dados perdem contratos e reputação rapidamente. Já na América Latina, o cenário é semelhante ao brasileiro. O México, por exemplo, registrou 88% das empresas impactadas por incidentes envolvendo IA e nuvem e apenas 2% se considera preparadas. A diferença, portanto, não está no risco, mas na reação: quanto mais madura a economia digital, mais estratégica é a visão sobre segurança.

Como viagens invisíveis: cultura e orçamento

A raiz do problema é menos tecnológica do que cultural. Segurança da informação ainda disputa espaço no planejamento com marketing, inovação e operação — e quase sempre perdida. Segundo o relacionamento da Cisco, menos da metade das empresas brasileiras destina mais de 10% do funcionamento da TI à segurança. Não há como amadurecer uma postura de proteção sustentada com investimentos mínimos e equipamentos sóbregadas.

O resultado é previsível: ferramentas de ponta subutilizadas, controles mal configurados e uma falsa sensação de proteção. Muitas empresas creditam estar seguras porque adotaram soluções sofisticadas — quando, na verdade, não tenho equipamento para operar-las corretamente.

O índice da Cisco é mais do que um diagnóstico técnico — é um espírito da cultura corporativa brasileira. Mostra um país que abriu a nuvem, mas ainda não entendi que seguridade não é camada adicional, é parte da arquitetura.

Não há transformação digital sustentável sem confiança, e confiança se construção com previsão, resiliência e transparência.

A boa notícia é que o caminho está ocupado. Como empresas que atendem ao governo, identidade e capacitação darão o salto que o mercado exige. Aquelas que continuam tratando segurança como um “projeto de TI” correção o risco de ver sua inovação desabar no primeiro incidente sério.

Maturidade em novembro não é um destino, é um processo — contínuo, técnico e humano. E o Brasil só avançará quando entrar que a nuvem não é apenas um lugar os dados vivem, mas um as vulnerabilidades também respiram.

Por: Alexandre Theodoro, diretor de Negócios e Soluções da Faiston

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