Os desafios da diversidade de gênero na Segurança da Informação

Por: Caroline Gomes, analista de segurança da informação e jornalista

Os desafios da diversidade de gênero na segurança da informação. Os recentes vazamentos de dados de grandes instituições, a alta de ataques cibernéticos e o sancionamento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) indicam que a segurança da informação deve continuar ganhando força e despertando cada vez mais a atenção das empresas. Como consequência, cresce também a demanda por profissionais qualificados nessa área. Segundo o Global Information Security Workforce Study de 2017, o gap de profissionais de segurança da informação deve atingir 1,8 milhão em 2022.

Essa escassez pode ser encarada como uma preocupação para o mercado ou como uma oportunidade para que pessoas de diferentes idades e gêneros se especializem nessa área. Mas, na prática, o cenário atual mostra que alcançar a diversidade em segurança da informação ainda é um desafio, especialmente quando comparamos a participação entre mulheres e homens.

Para a Gerente de Segurança da Informação do Carrefour, Cássia Regina Carmonario, o fator principal para esse desequilíbrio ainda é a falta de informação e de incentivo para que as mulheres conheçam a profissão e se interessem por tecnologia. “Com o tempo, fui aprendendo que a mulher tinha que provar seu valor com mais afinco que os homens, provar que éramos tão capacitadas quanto eles, e me esforcei ainda mais para nunca ser comparada ou nivelada por baixo. Mas acho que isso vem mudando nos últimos anos”, afirma.

Ainda que pequena, tal mudança tem, sim, acontecido. Segundo o Cybersecurity Workforce Study de 2018, pesquisa realizada pela (ISC)², as mulheres representam 24% da força de trabalho em cibersegurança. No mesmo estudo do ano anterior, a representatividade feminina nessa área era de apenas 11%. A Cyber Security Manager da Accenture, Luana Teixeira de Oliveira, atribui esse aumento à sociedade, que tem se preocupado mais com o protagonismo e o reconhecimento das mulheres em diversas áreas, e às próprias mulheres, que estão se organizando mais e melhor na formação de comitês e eventos para incentivar o assunto.

Mesmo com a alta apresentada pelo estudo, a representatividade feminina em segurança da informação ainda não alcança um quarto da força de trabalho em cibersegurança. “A geração atual de profissionais ainda é formada por aqueles cuja infância foi predominantemente dividida entre brincadeiras de meninos e meninas. O principal aspecto para conseguirmos um quadro mais equilibrado é o movimento que estamos fomentando agora, essa geração de mulheres que certamente criarão seus filhos de outra forma, e as próximas gerações equilibrarão a posição das mulheres nesse aspecto e em muitos outros”, completa Luana.

A Information Security Office da Direct One, Alessandra Monteiro Martins, acredita que as mulheres possuem características que agregam e contribuem para o desenvolvimento do mercado de segurança, como o senso de proteção e risco mais apurados, por exemplo. “Somos cautelosas e temos mais cuidado com os detalhes, e aí está o ponto chave na segurança”, explica.

Para as três executivas, as principais motivações para seguir na área são o dinamismo e o desenvolvimento constante, já que segurança da informação permeia toda a organização e atua em diferentes níveis, além de uma rotina repleta de desafios, aprendizado e evolução.

Ainda são muitos os desafios e obstáculos a serem superados para que a diversidade de gênero seja uma realidade nas empresas. O primeiro passo está na transformação da cultura organizacional, que passa pela mudança de hábitos e comportamentos que começam no board e que reflete em todas as áreas de uma instituição (desde o operacional até o estratégico).

Em paralelo, a disseminação de conhecimento sobre segurança da informação e a movimentação das mulheres que já atuam nessa área também é fundamental para impulsionar o assunto e motivar o público feminino a se aprofundar nesse tema. Promover um ambiente com mais diversidade é urgente e não pode (nem deve) ser assunto para depois.

Caroline-Gomes-SilvaPor Caroline Gomes - 22 anos. Formada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, sempre foi curiosa e entusiasta por temas ligados à tecnologia. Em 2018 iniciou o curso de Defesa Cibernética na FIAP e hoje atua como analista de segurança na empresa Stefanini).
Fontes:
https://www.isc2.org/-/media/7CC1598DE430469195F81017658B15D0.ashx
https://iamcybersafe.org/wp-content/uploads/2017/06/europe-gisws-report.pdf
https://www.itforum365.com.br/carreira/desigualdade-de-genero-na-area-de-seguranca-da-informacao/
https://minutodaseguranca.blog.br/feminismo-em-cybersecurity/?utm_campaign=meetedgar&utm_medium=social&utm_source=meetedgar.com
http://www.securityreport.com.br/destaques/falta-de-profissionais-qualificados-desafia-protecao-de-dados/#.XHBE7-hKjIU

 

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