Check Point Software alerta para a falsa sensação de segurança da automação com IA na Indústria 4.0
Especialistas ressaltam como a sensação de visibilidade e controle promovida pela IA em sistemas de OT e infraestruturas críticas pode ser perigosamente ilusória; por isso, o futuro exige tecnologia inteligente, mas com controle humano no centro
À medida que tecnologias autônomas e inteligência artificial (IA) se tornam protagonistas na Tecnologia Operacional (OT) e em infraestruturas críticas, a Check Point Software, pioneira e líder global em soluções de cibersegurança, chama a atenção para um novo tipo de vulnerabilidade: a ilusão de controle.
Com a integração crescente de sensores inteligentes, algoritmos de IA e conectividade em tempo real, setores como energia, manufatura e abastecimento de água estão cada vez mais dependentes de sistemas autônomos para decisões operacionais. Embora essa automação prometa eficiência, resposta rápida e manutenção preditiva, também traz um nível inédito de complexidade e exposição a riscos que, muitas vezes, não são percebidos até que se tornem críticos.
Esses sistemas operam com grande autonomia, adaptando-se constantemente a novas condições e aprendendo com dados em tempo real. No entanto, quanto mais independentes se tornam, mais difícil é entender como decisões estão sendo tomadas — especialmente quando modelos de IA funcionam como “caixas-pretas”, sem explicação clara para suas ações. Além disso, a interconexão entre sistemas de TI e OT elimina barreiras tradicionais de segurança, criando novas superfícies de ataque.
No contexto Brasil, a transformação digital industrial também avança rapidamente. Segundo dados do governo e do setor privado, o país investirá mais de R$ 20 bilhões até 2026 para modernizar suas infraestruturas críticas e indústrias com tecnologias de automação e inteligência artificial. Setores como energia, manufatura, agronegócio e saneamento têm adotado sistemas autônomos para otimizar processos, mas ainda enfrentam desafios relacionados à segurança, transparência e governança desses sistemas complexos.
O papel da IA em ambientes OT
A IA está transformando ambientes OT ao permitir análises em tempo real, manutenção preditiva, respostas dinâmicas e orquestração em larga escala. Aqui estão alguns exemplos principais de aplicação da IA:
Manutenção preditiva: Na manufatura, modelos de IA preveem falhas de máquinas com base em métricas como análise de vibração e imagem térmica, reduzindo o tempo de inatividade.
Detecção de anomalias: No setor de energia, a IA monitora tensão e frequência para detectar anomalias no desempenho da rede antes que ocorram apagões.
Sistemas de controle autônomos: No tratamento de água, algoritmos de IA ajustam dinamicamente dosagens químicas e operações de válvulas com base em dados de sensores.
Essas implementações fazem parte da Indústria 4.0, em que Sistemas Ciberfísicos (CPS, na sigla em inglês para Cyber-Physical Systems) não apenas automatizam processos e aumentam a eficiência, mas também dissolvem as fronteiras entre TI e OT.
Tradicionalmente, sistemas OT eram isolados, desconectados e protegidos de redes externas por razões de segurança. Agora, com sensores inteligentes, computação em nuvem e dispositivos conectados na borda, essas fronteiras estão desaparecendo. TI e OT estão se entrelaçando profundamente, criando oportunidades, mas também novos riscos, à medida que os sistemas se tornam mais interdependentes.
Os especialistas da Check Point Software apontam para um paradoxo da autonomia, o qual reside no equilíbrio delicado entre controle humano e independência da máquina. Sistemas autônomos são projetados para operar sem intervenção humana constante, com o objetivo de melhorar a eficiência e a capacidade de resposta. Porém, isso reduz a supervisão direta dos operadores humanos.
Ao mesmo tempo, os sistemas baseados em IA continuam evoluindo, adaptando seus modelos de decisão de forma imprevisível e, muitas vezes, incompreensível. Agravando essa situação, muitos mecanismos de segurança ainda são baseados em pressupostos obsoletos que não refletem o comportamento dinâmico das IAs modernas. Assim, a própria autonomia que visa aumentar a segurança e o controle pode paradoxalmente introduzir novos riscos e incertezas — destacando a necessidade urgente de mecanismos de supervisão adaptativos.
Ou seja, a autonomia introduz uma nova classe de ameaças: sistemas que podem ser manipulados, enganados ou reprogramados por adversários. Os atacantes não precisam mais “quebrar” um sistema — basta confundir ou envenenar sua lógica de decisão.
Nesse sentido, é importante aos CISOs de OT que não presumam que visibilidade significa controle. Devem tratar a autonomia como um risco de terceiro, revisando-a regularmente, testando-a com rigor e sempre mantendo um mecanismo de intervenção humana. No mundo da Indústria 4.0, o controle não significa apenas emitir comandos, mas garantir que as intenções por trás deles sejam compreendidas e executadas com segurança.
Os especialistas da Check Point Software reforçam que estamos ingressando em uma era em que decisões autônomas controlam resultados físicos — em que máquinas regulam fluxos de energia, dosagens químicas e braços robóticos. Contudo, a ilusão de controle é perigosa não porque a autonomia falha, mas porque ela falha de forma silenciosa e, por vezes, catastrófica. Assim, para proteger o futuro, os CISOs de OT devem questionar toda suposição sobre visibilidade, confiança e controle em sistemas OT inteligentes.
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