Resiliência de Dados na Era da IA: como as empresas financeiras podem se adaptar?
A transformação digital e a ascensão da inteligência artificial (IA) estão remodelando o setor financeiro de maneira irreversível, trazendo avanços significativos em personalização, eficiência operacional e inovação. No entanto, à medida que as empresas financeiras exploram essas novas fronteiras tecnológicas, elas também enfrentam desafios crescentes. A proteção de dados críticos, a conformidade com regulamentações rigorosas e a resposta a ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas não são mais questões isoladas, mas sim elementos estratégicos que definem o futuro das organizações.
Nesse contexto, a resiliência de dados se apresenta como um pilar indispensável para a continuidade dos negócios, protegendo não apenas os ativos digitais, mas também a confiança de clientes e investidores. A evolução das regulamentações reforça ainda mais essa necessidade. O Digital Operational Resilience Act (DORA), previsto para entrar em vigor em 2025, exige que instituições financeiras implementem mecanismos robustos de gestão de riscos de TI, planos de resposta a incidentes e relatórios precisos. Essa legislação europeia é um marco ao enfatizar a continuidade operacional mesmo em crises severas.
Nos Estados Unidos, a Gramm-Leach-Bliley Act (GLBA) determina controles rigorosos para proteger dados sensíveis dos consumidores, enquanto as diretrizes do Federal Financial Institutions Examination Council (FFIEC) exigem práticas avançadas de cibersegurança, como backups frequentes, avaliações de riscos e respostas rápidas a incidentes. Paralelamente, a regulamentação de cibersegurança do Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York (23 NYCRR 500) estabelece padrões rigorosos para instituições que operam no estado, impondo relatórios detalhados e análises constantes de riscos.
Além disso, normas mais amplas como o PCI DSS, voltado para a segurança de dados de cartões de crédito, e o CCPA, que protege os consumidores na Califórnia, reforçam que as empresas devem adotar medidas robustas de segurança, mesmo fora do setor financeiro. Esse ambiente regulatório denso exige que as instituições financeiras deixem de tratar a conformidade como um simples item na lista de tarefas e passem a vê-la como um componente estratégico para a resiliência e a inovação.
A resiliência de dados, no entanto, não se resume a atender normas regulatórias. É sobre construir uma infraestrutura capaz de recuperar rapidamente informações críticas em caso de interrupções, ataques cibernéticos ou falhas operacionais.
Segundo uma pesquisa da IBM, o custo médio de uma violação de dados no setor financeiro ultrapassou US$ 5 milhões em 2023, com um tempo médio de 249 dias para identificar e conter essas quebras. Esses números evidenciam que o impacto financeiro e reputacional de uma falha de segurança pode ser devastador, tornando a resiliência de dados um investimento indispensável.
Adotar uma abordagem proativa é essencial.
3 estratégias práticas para resiliência de dados no setor financeiro
Para navegar nesse ambiente de constantes mudanças, as instituições financeiras precisam de estratégias práticas que aliem inovação tecnológica e conformidade. Aqui estão três recomendações centrais para liderar esse movimento:
- Crie uma cultura organizacional orientada para a conformidade
A conformidade não pode ser tratada como um esforço isolado; ela precisa ser parte integrante do dia a dia das operações. As empresas devem adotar práticas que promovam uma cultura de resiliência e responsabilidade em todos os níveis organizacionais. Por exemplo, utilizar ferramentas que integrem insights detalhados às práticas de gestão de dados pode reforçar a conformidade como um elemento essencial das operações. De acordo com um relatório da Deloitte, empresas que adotam uma cultura de conformidade robusta têm 30% menos chances de sofrerem violações de dados.
- Priorize o monitoramento em tempo real para respostas ágeis
No ambiente regulatório atual, a capacidade de resposta rápida a riscos emergentes é crítica. Implementar sistemas de monitoramento em tempo real garante visibilidade consistente e permite que as instituições estejam alinhadas às expectativas de resiliência operacional estabelecidas por regulamentações como DORA. Soluções que oferecem alertas proativos ajudam as empresas a identificar e mitigar problemas antes que eles se agravem. Um estudo da Gartner indica que empresas que utilizam monitoramento em tempo real reduzem o tempo de resposta a incidentes em até 50%.
- Simplifique a preparação para auditorias e relatórios de conformidade
Preparar relatórios que atendam aos padrões regulatórios, como DORA, FFIEC e GLBA, pode ser um processo desafiador e demorado. Adotar ferramentas que automatizam a geração de relatórios prontos para auditoria não só economiza tempo, mas também melhora a precisão e minimiza riscos de não conformidade. Essa abordagem também libera recursos para que as equipes de TI e governança se concentrem em iniciativas mais estratégicas. Segundo a Forrester, empresas que automatizam seus processos de conformidade economizam em média 40% nos custos operacionais relacionados.
O futuro da resiliência de dados no setor financeiro
Com o aumento das ameaças cibernéticas e o fortalecimento das regulamentações, a resiliência de dados é a base para garantir a continuidade dos negócios, proteger a confiança dos clientes e impulsionar a inovação. A implementação de tecnologias avançadas e a construção de uma cultura sólida de conformidade são passos fundamentais para que as instituições financeiras se adaptem e prosperem na era da IA.
Posso dizer que a verdadeira transformação digital vai além da tecnologia; trata-se de garantir que a segurança e a confiabilidade sejam prioridades em um mundo cada vez mais interconectado. A resiliência de dados é a chave para essa jornada.
Por: Alexandre Paoleschi, fundador da Fenix DFA e CEO da KYMO Investments.
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