Treinamento em cibersegurança: como engajar colaboradores e evitar riscos?
Mesmo com tecnologias avançadas, falhas humanas seguem como principal porta de entrada para ataques virtuais; especialista da Trend Micro ensina como reduzir vulnerabilidades com ações de conscientização
Mesmo com os investimentos crescentes em ferramentas de proteção digital, as falhas humanas seguem como a principal vulnerabilidade nas estratégias de cibersegurança das organizações. Um exemplo disso é o uso do e-mail corporativo, que permanece como um dos vetores preferidos dos cibercriminosos para a entrega de cargas maliciosas.
Segundo o relatório Cyber Risk Report 2025, da Trend Micro, líder global em soluções de segurança cibernética, a solução Trend Vision One detectou e bloqueou 57 milhões de ameaças de e-mail de alto risco em 2024, um aumento de 27% em relação a 2023. Além disso, as violações de prevenção contra perda de dados ficaram em sexto lugar entre as principais ameaças, o que revela um comportamento preocupante: muitos colaboradores ainda enviam, inadvertidamente, e-mails com informações sensíveis, dados financeiros ou propriedade intelectual, sem a devida proteção ou classificação de segurança.
Para Flávio Silva, diretor técnico da Trend Micro Brasil, o combate eficaz a esse risco começa por um programa bem estruturado de conscientização e treinamento. “As empresas não conseguem se defender daquilo que seus colaboradores não conhecem. Por isso, investir em conhecimento é o primeiro passo para transformar os funcionários na linha de frente contra ataques”, afirma o executivo.
A empresa destaca que, todos os anos, um número significativo de violações de segurança tem como origem o comportamento humano. Diante disso, é essencial adotar uma abordagem sistêmica, que envolva desde a alta liderança até o engajamento contínuo dos colaboradores. A seguir, a Trend Micro lista as oito etapas fundamentais para implementar uma estratégia eficaz de conscientização e treinamento em segurança da informação:
1. Envolvimento da liderança
A adesão da diretoria é essencial para garantir orçamento, recursos e disseminação da cultura de segurança. “Quando a liderança posiciona a cibersegurança como prioridade, a mensagem reverbera por toda a organização”, explica Flávio Silva.
2. Avaliação do cenário atual
É preciso entender o nível de maturidade da empresa em segurança cibernética. Pesquisas internas, análise de incidentes anteriores e simulações de phishing — técnica de fraude online em que cibercriminosos se passam por empresas ou entidades confiáveis para enganar usuários e roubar dados sensíveis, como senhas e informações bancárias — ajudam a identificar as maiores lacunas de conhecimento.
3. Definição de metas claras e mensuráveis
As metas devem ser baseadas em risco e orientadas por resultados, como redução no número de cliques em simulações de phishing, aumento na denúncia de e-mails suspeitos e melhorias nas pontuações de risco dos usuários.
4. Escolha das ferramentas ideais
A escolha das plataformas de treinamento deve levar em conta o porte da empresa, sua estrutura tecnológica e necessidades específicas. “Combinar simulações práticas com conteúdo educativo é uma maneira eficaz de manter o treinamento atual e relevante”, diz o diretor.
5. Engajamento dos colaboradores
A comunicação clara, a personalização das mensagens e o uso de elementos como gamificação e incentivos ajudam a manter os funcionários motivados e participativos nas ações de segurança.
6. Medição da eficácia
Mais do que avaliar a taxa de conclusão dos treinamentos, é fundamental analisar a mudança de comportamento dos colaboradores ao longo do tempo. Relatórios de incidentes e evolução das pontuações de risco são indicativos importantes.
7. Personalização com base em risco real
Cada colaborador representa um nível diferente de risco. O uso de automação permite direcionar treinamentos específicos de acordo com o perfil e comportamento de cada funcionário.
8. Criação de uma cultura de segurança
O objetivo final é gerar mudanças comportamentais sustentáveis e transformar a segurança em parte integrante da rotina organizacional. Segundo a Trend Micro, a união entre conscientização, gestão de exposição e identidade é a chave para uma abordagem mais estratégica e eficiente. Por meio da plataforma Trend Vision™ One Security Awareness, a companhia oferece um sistema que monitora riscos em tempo real e automatiza ações de mitigação.
“Quando conseguimos prever e antecipar caminhos de ataque baseados no comportamento dos usuários, a resposta se torna muito mais rápida e precisa. A conscientização, nesse contexto, deixa de ser apenas um complemento e passa a ser um pilar fundamental da segurança cibernética moderna”, conclui Flávio Silva.
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