Lições que aprendi ao ser despedido!

Nem sempre o problema é você

Lições que aprendi ao ser despedido! Nem sempre o desligamento é por incapacidade profissional, muitas vezes existem fatores muito além que sabotam seu caminho e que você precisa entender antes de se apresentar na próxima entrevista de emprego.

Quando inciei no mercado de trabalho e tinha a visão influenciada pelo meu pai, um autentico representante da geração “Baby Bommer“, surgida logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Isto quer dizer que cresci vendo meu pai trabalhar e aposentar-se após mais de 30 anos em uma única empresa. Assim meu objetivo era entrar em uma empresa e trabalhar 30 anos lá!  Bem fiquei 14 na primeira empresa….

A geração do meu pai, o baby Boomers, no trabalho, seus valores estão fortemente embasados no tempo de serviço, e preferem ser reconhecidas pela sua experiência à sua capacidade de inovação. Porém com o passar dos anos, influenciado por outros de minha geração X, buscava crescimento, buscava cargos mais altos e, consequentemente, ganhar mais. Mas para isto precisava ampliar meus horizontes, viver novas experiências e …. bem talvez ficar minha vida toda na mesma empresa não fosse o melhor para mim, como havia sido para meu pai, afinal os tempos mudaram!

Um estudo americano sugere que o trabalhador em média terá  cerca de 12 empregos durante a sua vida, e há uma boa chance de que nem todas essas transições sejam voluntárias.

Apoiado pelo desejo de crescer e observando outros profissionais que cresceram mais rapidamente trocando de empregadores, fui motivado a deixar 14 anos de empresa e relativa estabilidade, por uma nova oportunidade de crescimento, de ampliação de conhecimentos e vivência, ainda acreditando que poderia manter a segurança e estabilidade, pois afinal, assim como tantos outros profissionais eu era  “bom” no que fazia.

Para minha surpresa após o primeiro ano me deparei com o primeiro grande desafio: a minha nova empresa seria vendida e já não sabia o que seria de minha posição, afinal gerente é o primeiro candidato a sair uma vez que o funil é bem mais fino que em posições mais baixas. Então, com medo e antes que fosse mandado embora sem pensar muito abracei uma nova oportunidade que surgiu tentadora. A final o que poderia dar errado? eu continuava sendo “bom” no meu trabalho!

Mas sempre surge  a primeira queda para todos!  “E agora?”  Larguei um emprego estável de 14 anos e em menos de 4 anos já me via ao final da terceira companhia e pior dispensado. Não por que deixei de ser “bom” em meu trabalho, até porque os resultados apareceram na apuração do meu último mês que obviamente foi feito no mês subsequente a minha saída, mas porque não sabia agir como um “trator” sobre minha equipe, como era esperado pelo meu chefe.  Depois desta experiência aprendi muitas coisas, aprendi que diferentes pessoas reagirão a uma rescisão de maneiras diferentes, mas ser demitido pode revelar-se uma experiência de abrir os olhos que faz você, como eu, ainda mais valioso para o seu próximo empregador.

Aqui estão algumas coisas que aprendi depois de receber um cartão vermelho.

 

Tudo pode ter começado com a primeira entrevista

Fazer as perguntas certas durante uma entrevista de emprego pode fazer toda a diferença. Por exemplo, fui contratado esperando que eu agisse como um “louco”, tratorando tudo e todos, esperava-se como resultado disto uma mudança total em menos de 6 meses. O que obviamente é impossível, normalmente consegue-se uma mudança de rumo e criar uma nova identidade neste período, mas os resultados virão depois, pois mesmo que mude toda a equipe ainda assim não resolverá os problemas da empresa em 6 meses, aliás pode-se criar novos problemas porque perder-se-á todo conhecimento e histórico que construiu os serviços até aquele momento.

Pois bem, eu não perguntei sobre a cultura da empresa, como se esperava que eu agisse ou quais resultados se esperava em 6 meses e não perguntei sobre as pessoas do time, pares e superiores.

Então após entrar e começar a mudar o que acreditava ser importante, mexi num vespeiro. A filha de um outro gerente, de confiança do meu chefe, pediu para ser mandada embora e como ela não correspondia ao desempenho esperado e as mudanças promovidas, concordei!  Pronto tava assinado a minha saída!

Se eu tivesse me informado melhor e compreendido como a empresa funcionava talvez, mesmo sendo uma oferta tentadora do ponto de vista profissional, eu não teria aceitado!

 

Às vezes, não é sobre você em tudo

Após esta experiência, onde não importa o quanto você trabalha e o quão “bom” você é, se alguém quer te puxar o tapete e tem “acreditação” para isto , ela faz e todo mundo vai acreditar nas mentiras, porque afinal não se trata de conhecimento técnico mas de relacionamento e confiança, é a sua palavra contra a dele. Por isto, infelizmente, não importa o quão bem você esteja quando assume uma nova posição ou quando há uma mudança de comando acima de vocês. E não se surpreenda se a “razão” que você está terminando for ridícula. Às vezes, as novas lideranças acham que é um pouco duro simplesmente dizer: “Estamos cortando as despesas” ou “você não atende às atitudes que esperamos que você tenha” , para que, em vez disso, apresentem desculpas vazias.

Analisar a situação nos dias e anos seguintes me ajudou a perceber que nunca foi sobre mim. Em vez de simplesmente dizer que eu não atendia às atitudes esperadas ou que determinadas situação e relacionamentos internos não estavam de acordo, meu superior inventou uma razão para me demitir, atribuindo a mim problemas que nem mesmo eram de minha responsabilidade. Quando cheguei a essa conclusão, foi muito mais fácil para eu seguir em frente, e tão rapidamente eu já estava em um novo local que me trouxe muita realização e sucesso profissional, até que encontrei um novo “trator” pela frente.

É importante fazer uma consideração rápida de que na maioria das vezes aqueles que te sabotam são pessoas que querem a sua posição. Neste caso, se for um par, como o exemplo que citei, você deve encontrar uma forma de se defender e mostrar a realidade, sem entrar em guerra. Mas se for um comandado, a agilidade de perceber esta sabotagem e promover as mudanças rapidamente podem ser fundamentais para seu sucesso. Certa vez  tive um comandado que liderava um subgrupo da minha área, ele queria a minha posição por isto invertia tudo que eu falava em relação a equipe para seus comandados, como forma de me sabotar. Eu demorei a perceber isto, o que me custou a confiança e o comprometimento de alguns profissionais do meu time.

 

Você ainda deve refletir sobre como você poderia ter feito melhor

Se você é demitido de seu emprego, você deve a si mesmo e a seus futuros empregadores dar uma boa olhada no espelho e pensar se seu ex-chefe teria algumas razões legítimas para deixar você , tratava-se de alguma mudança de rumo ou se simplesmente você não pensava e agia como ele. Não é um exercício divertido, mas é necessário. Admitir que você talvez tenha falhado de alguma forma irá ajudá-lo a crescer emocional e profissionalmente, e isso o tornará mais preparado do que nunca para o seu próximo papel.

Mas cuidado para não colocar a culpa somente nos outros, pois nós sempre temos algo a fazer que poderia evitar tudo isto, basta saber o que seria necessário fazer e se você estaria disposto a fazer. Eu descobri que não estou disposto a mudar que eu sou, o respeito que tenho pelos meus comandados e que não vou ser desonesto com quem não merece. Posso promover muitas mudanças, desligar pessoas e mudar completamente os times, mas sempre o farei da minha maneira e não como aqueles chefes queriam.

 

Esteja preparado para a sua próxima entrevista

Uma das coisas mais importantes a fazer depois de ter desligado é pensar na sua próxima entrevista de emprego e planejar sua resposta a uma pergunta inevitável: “Por que você deixou sua última posição?”

Como você responde a essa pergunta pode muito bem significar a diferença entre conquistar sua próxima posição e bater na calçada novamente. Quando um entrevistador me perguntou por que eu havia deixado minha última posição, não fui claro o suficiente quanto às incompatibilidades de gestão que encontrei e perdi uma excelente oportunidade, em uma outra eu me preparei melhor e expliquei claramente que os motivos não haviam sido técnicos e que simplesmente o meu estilo de liderança não havia se compatibilizado com o da empresa, e que embora tivesse errado em não perguntar sobre isto na entrevista naquela vez, de agora em diante eu não mais cometeria este erro, mesmo que estivesse desempregado e procurando um novo emprego, afinal de nada adiantaria conseguir uma nova posição e depois ser desligado devido a este tipo de incompatibilidade.

Você não precisa confessar todos os erros que você cometeu, mas seu futuro empregador irá apreciar um pouco de franqueza em uma resposta que demonstre a sua avaliação mais sincera da situação.

 

5. Mantenha sua cabeça erguida

Não caia na espiral da negatividade que ser dispensado pode colocá-lo. Não é bom para ninguém, e torna mais difícil para você reconhecer as lições que você pode aprender com a experiência. Lembre-se: ser demitido não muda quem você é – apenas o seu trabalho. Todo trabalhador tem algo a oferecer e, embora você tenha cometido alguns erros em seu trabalho anterior, pode aprender a evitar esses erros e ser um empregado ainda melhor para o seu próximo chefe.

Manter uma mentalidade de copo meio cheio depois que você foi demitido é mais fácil falar do que fazer. Mas se você puder tirar o melhor proveito da situação, aprendendo com a experiência e trazendo o seu melhor para cada entrevista de emprego, estará se movendo para coisas maiores e melhores em pouco tempo.

Por outro lado, sempre tem um novo caminho. Após duas ou três experiência frustantes quanto as características dos chefes que tive, e olhando de uma forma muito crítica á minha forma de ser,  optei por desenvolver minha própria empresa, onde poderia ter a liberdade de liderar que acredito ser a mais efetiva, e não me desgastaria tanto emocionalmente com chefes que pensam completamente diferente de mim. Além disto sempre é bom traçar novos caminhos, acreditar em quem você é, saber seus limites e seus pontos fortes, saber que você nunca é “bom” o suficiente para que não tenha reveses, pois “bom” não depende de quanto você conhece, mas de quanto você se encaixa nas expectativas que são colocadas sobre vocês. É importante reconhecer que você ainda tem muito que aprender, seja do lado técnico que evolui rapidamente, ou seja no lado humano, de relacionamento, onde depende muito mais de como você reage à forma de como os outros te tratam e como você trata os seus subordinados, pares e superiores.

Nunca deixe de acreditar em você, em quem você é, quais suas limitações e como você vai superá-las ! Opção você sempre tem e terá, basta você abrir a cabeça e seguir em frente!

 

por: Kleber Melo

 

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