Indústria conectada enfrenta seu momento mais crítico

A indústria conectada enfrenta seu momento mais crítico: a cibersegurança

A transformação digital empurrou as empresas para um território onde a convergência entre TI e OT deixou de ser um tema técnico e virou assunto de sobrevivência operacional. No passado, bastava garantir que o chão de fábrica funcionasse e que os sistemas corporativos rodassem sem cair. Hoje, os equipamentos industriais, sensores, redes de automação, sistemas SCADA (Supervisão, Controle e Aquisição de Dados), PLCs (Controladores Lógicos Programáveis) e até máquinas legadas estão se conectando em um ecossistema vivo que precisa de performance, segurança e previsibilidade ao mesmo tempo. A integração completa entre os mundos físico e digital não é mais uma escolha; é a nova espinha dorsal da eficiência e da resiliência.

A grande ironia é que, enquanto muitos celebram a digitalização, poucos compreendem a profundidade do risco colocado sobre ambientes industriais. A OT (Tecnologia Operacional) foi construída para durar, não para ser exposta. Por décadas, operou isolada, blindada da internet e do caos externo. Agora, conectada, virou alvo preferencial de ataques que exploram vulnerabilidades de dispositivos antigos, protocolos proprietários e arquiteturas que não foram projetadas para ameaças modernas. A McKinsey estima que ataques a infraestruturas industriais cresceram mais de 140% na última década, e o número só aumenta — não por falta de investimento, mas por falta de alinhamento entre tecnologia, processos e cultura.

Observamos diariamente o impacto dessa convergência que ainda precisa melhorar, e isso começa com a visibilidade. Não dá para proteger aquilo que não se vê, então a visão geral dos sistemas é essencial para reduzir as possíveis superfícies de ataque e protegê-las de forma segmentada. Desta forma diminuímos os riscos, principalmente com os acessos remotos.

Empresas tentam avançar em automação, IoT, analytics e digital twins enquanto ignoram que a base OT não está preparada para suportar tamanha complexidade. É como construir um arranha-céu sobre fundações que nunca foram reforçadas: funciona… até o dia em que não funciona mais. O problema não é a tecnologia; é o abismo entre times, metodologias e linguagens que nunca foram feitos para operar juntos.

O desafio se agrava porque a ruptura operacional tem consequências reais. Diferente de TI, onde uma parada derruba sistemas, em OT uma falha derruba produção, receita, segurança e até vidas. Não existe “downtime planejado” quando se fala de processos contínuos. Não existe “volta rápida” quando um equipamento crítico trava. E não existe firewall capaz de proteger sozinho um parque industrial que nunca passou por inventário, segmentação, hardening ou adequação de protocolos.

Mas também é verdade — e aqui entra o lado visionário do tema — que as empresas que acertam esse jogo estão colhendo ganhos que há 10 anos pareceriam ficção científica. Dados da PwC mostram que organizações com maturidade elevada em integração OT/TI conseguem reduzir até 20% dos custos operacionais e aumentar em 15% a produtividade global da planta. Não é milagre, é método. É a combinação de automação inteligente, visibilidade granular e capacidade de resposta orientada por dados.

O papel das integradoras é justamente o de construir essa ponte, traduzindo necessidades técnicas, eliminando ruídos e orquestrando tecnologias para que a operação funcione como um organismo único. Isso exige experiência, sim, mas exige sobretudo sensibilidade para entender o ritmo da empresa, a cultura interna, o nível de risco aceitável e a urgência real por eficiência. É uma engenharia que vai muito além do diagrama de rede — é gestão, é adaptação, é visão sistêmica.

À medida que os ambientes industriais se tornam mais inteligentes, mais conectados e mais interdependentes, a responsabilidade por proteger esse ecossistema cresce proporcionalmente. Não se trata apenas de prevenir incidentes, mas de garantir continuidade, preservar confiabilidade e criar uma base sólida para a inovação. A indústria não precisa de mais dashboards, e sim de ambientes OT estáveis, seguros e interligados ao negócio sem fricção.

Os projetos de OT são tão complexos que não cabem improvisos. É um domínio onde tradição e inovação precisam caminhar juntas, onde máquinas que operam há décadas passam a conversar com sistemas de nuvem, onde o novo e o antigo coexistem sem glamour, mas com propósito. Quem domina essa integração não só protege a operação — prepara o futuro.

Por Bruno Pereira, Gerente de Desenvolvimento de Negócios de Segurança da Teletex

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