Ingressos falsos: Hackers já exploram tema da Copa FIFA 2026

Ingressos falsos: Hackers já exploram tema da Copa FIFA 2026

Como cibercriminosos estão explorando a FIFA 2026 antes do primeiro apito.

Levantamento da Check Point Software aponta risco crescente de golpes digitais com ingressos, produtos falsificados e ataques a sistemas oficiais ligados à Copa de 2026

Os pesquisadores da Check Point Software revelam a infraestrutura inicial por trás de uma campanha global de fraude que já mira o evento esportivo mais assistido do mundo.

À medida que a contagem regressiva para a Copa do Mundo FIFA 2026 avança, os agentes de ameaça já entraram em campo. Eles estão construindo uma infraestrutura digital para explorar a empolgação dos torcedores, sabotar o sistema de ingressos e desviar receitas de um dos maiores eventos esportivos do planeta.

Um novo levantamento da Check Point Research (CPR), braço de inteligência de ameaças da Check Point Software, revela uma campanha coordenada para criar milhares de domínios falsos, botnets e ferramentas de phishing, todos disfarçados de ativos legítimos da FIFA e das cidades-sede do campeonato em 2026. “Não se trata de especulação. A campanha já começou. E não é sobre phishing isolado, mas fraude como infraestrutura, projetada para crescer com o evento FIFA 2026”, diz Amit Weigman, gerente de Engenharia de Segurança e Evangelista da Check Point Software.

 

Primeiras jogadas: infraestrutura de fraude em movimento

Desde 1º de agosto de 2025, os pesquisadores da Check Point Software identificaram pouco mais de 4.300 domínios recém-registrados que imitam a FIFA, a “Copa do Mundo” ou cidades-sede do torneio, como Dallas, Miami, Toronto e Cidade do México. Esses registros não são orgânicos: surgem em ondas sincronizadas, frequentemente usando infraestrutura de DNS idêntica e concentrados em poucos registradores que facilitam operações em massa, como GoDaddy, Namecheap, Dynadot e Gname.

Porém, o ponto de maior preocupação é de que muitos desses domínios foram criados para uso de longo prazo, incluindo referências à FIFA 2030 e 2034. Essa estratégia de “envelhecimento de domínio” permite que cibercriminosos construam credibilidade passiva ao longo do tempo — tática comum em abusos de marca altamente direcionados.

Registros mensais de domínios suspeitos (agosto a setembro de 2025)

 

Risco em tempo real: phishing na pré-venda de ingressos

A primeira fase de venda de ingressos da FIFA já está em andamento. Torcedores que participaram do sorteio de pré-venda (no período de 9 a 19 de setembro deste ano) estão sendo notificados dos resultados em 29 de setembro, com início das compras para os selecionados em 1º de outubro.

Esse intervalo representa uma oportunidade para fraude, pois os cibercriminosos devem inundar caixas de entrada e buscadores com e-mails de phishing, confirmações falsas de ingressos e portais falsificados de fila, todos programados para coincidir com as comunicações oficiais da FIFA. A chance de sucesso aumenta quando a urgência é alta e as expectativas são reais. “Os agentes de ameaça não estão esperando 2026. Eles estão ajustando seu cronograma ao da FIFA agora”, alerta Weigman.

 

 

Principais descobertas dos pesquisadores da Check Point Research:

  • Acima de 4.300 domínios relacionados à FIFA registrados em menos de 60 dias, com picos entre 8 e 12 de agosto e novamente no início de setembro.
  • Concentração de registradores como GoDaddy, Namecheap, Gname e Dynadot, permitindo automação em massa e rápida implantação.
  • Segmentação linguística por público: inglês para streaming / transmissão ao vivo; espanhol e português para fraudes de ingressos e de produtos oficiais com foco nos torcedores da América Latina; em menor escala o francês voltado para mercados europeus.
  • Alvo geográfico: A pesquisa mostra que os criminosos digitais estão direcionando suas fraudes tanto para o público global quanto para mercados locais. Sites falsos fazem referência direta aos países-sede — Estados Unidos, México e Canadá — e também às cidades que vão receber jogos, como Dallas, Miami, Toronto, Vancouver e Cidade do México. O objetivo é claro: parecer legítimo para os viajantes e enganar sistemas de busca, aumentando a chance de atrair torcedores.
  • Uso de domínios de topo como.com, .shop, .store, .online e .football — escolhidos por baixo custo e pouca barreira.
  • Sobreposição de DNS sugere controle centralizado por poucos operadores semiprofissionais usando kits de fraude automatizados.
  • Canais no Telegram e fóruns da Dark Web já promovem ingressos falsos, produtos piratas e kits de fraude financeira.

 

Sabotagem de ingressos e abuso de botnets

Além de golpes simples, os pesquisadores encontraram indícios de ataques sistêmicos destinados a desestabilizar a infraestrutura de ingressos da FIFA. Botnets estão sendo treinadas para inundar filas de pré-venda, adquirir grandes lotes de ingressos de alta demanda e manipular modelos de precificação dinâmica.

Nos mercados ilegais, kits personalizados e fazendas de proxy já estão sendo vendidos com instruções específicas para a Copa do Mundo — uma repetição das táticas usadas contra grandes plataformas de ingressos, como a Ticketmaster.

Exemplos de sites fraudulentos com o tema FIFA 2026 usados ​​como iscas

 

Cenário de ameaças mais amplo

  • Torcedores ficam expostos a phishing, fraude financeira e malware em sites falsos de ingressos e transmissões ao vivo.
  • A FIFA e seus patrocinadores enfrentam abuso de marca, perda de tráfego e comércio de produtos falsificados.
  • Cidades-sede e locais podem ver viajantes sendo alvo de golpes geográficos ligados a hospedagem, transporte ou hospitalidade.
  • O ecossistema da Internet — incluindo redes de anúncios, registradores e plataformas de mensagens — corre o risco de virar camada de distribuição da fraude.

 

Recomendações

Para responsáveis pela infraestrutura

  • Monitorar ativamente registros de domínios com padrões “FIFA + ano + cidade” em múltiplos idiomas.
  • Trabalhar junto a registradores para sinalizar e remover rapidamente domínios suspeitos.
  • Exigir verificação de identidade para domínios que usem palavras-chave relacionadas ao torneio.

 

Para a FIFA e parceiros de ingressos

  • Reforçar sistemas antibot e de análise comportamental antes de cada fase de venda.
  • Lançar campanhas verificadas para superar anúncios fraudulentos em buscadores.
  • Comunicar de forma clara os canais oficiais e os cronogramas aos torcedores.

 

Para os torcedores

  • Comprar ingressos apenas em canais oficiais da FIFA.
  • Analisar cuidadosamente e-mails, desconfiando de domínios com erros de grafia ou ofertas “boas demais para serem verdadeiras”.
  • Usar extensões de segurança no navegador e manter o antivírus atualizado.
  • Não confiar em links no Telegram ou anúncios em redes sociais que prometem “acesso VIP” ou ofertas antecipadas.

 

Apito final

A Copa do Mundo ainda está a meses de distância, mas a batalha digital pela edição de 2026 já começou. Ao imitar o cronograma da FIFA e se apoiar em eventos reais, como a janela de pré-venda de ingressos, os cibercriminosos estão se posicionando para causar impacto máximo. Essa campanha não é apenas oportunista, é orquestrada. E, a menos que seja combatida agora, continuará crescendo com o alcance global do torneio.

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