Cibersegurança: por que a proteção ainda é vista como despesa no setor financeiro?
Segundo especialista da CG One, a percepção de custo, em vez de investimento, expõe instituições a perdas financeiras, danos de reputação e sanções regulatórias
O setor financeiro ocupa a segunda posição no ranking global de ataques cibernéticos, de acordo com um relatório da Verizon. O documento registrou 3.336 incidentes no segmento em 2025, com 927 resultando em vazamentos de dados confirmados. Na América Latina, foram 657 casos, sendo 413 com vazamentos. O cenário no Brasil acompanha a tendência, com o Banco Central reportando, somente em 2024, 12 incidentes de vazamentos de chaves Pix. Os números mostram a exposição de um segmento que lida com ativos e informações de clientes.
A recorrência dos ataques levanta uma questão sobre a abordagem da segurança pelas lideranças. A proteção dos sistemas e dados é vista por parte dos gestores como um centro de custo, não como um pilar para a sustentação do negócio. Essa visão ignora que o custo de um incidente de segurança é, em média, superior ao investimento preventivo. O relatório “Cost of a Data Breach” da IBM, de 2024, aponta que o prejuízo médio de um ataque no setor financeiro foi de US$ 6,08 milhões.
“A cibersegurança é tratada como uma despesa por empresas que ainda não têm um grau elevado de maturidade em segurança da informação. As companhias que já estão em um patamar mais elevado enxergam a cibersegurança como um investimento”, afirma Rodrigo Rocha, gerente de arquitetura de soluções da CG One, empresa de tecnologia focada em segurança da informação, proteção de redes e gerenciamento integrado de riscos.
A evolução dos riscos e os impactos nos negócios
Os riscos para as instituições financeiras abrangem desde ataques de negação de serviço (DDoS), que buscam a indisponibilidade de plataformas e o prejuízo de imagem, até o roubo de informações e o desvio de valores de contas de clientes. “Nos últimos anos, as táticas dos atacantes ganharam complexidade, com o desenvolvimento de ransomwares como LockBit e Conti, ataques à cadeia de suprimentos que comprometem plataformas de autenticação de fintechs, exploração de APIs e o uso de inteligência artificial generativa e deepfakes em ações de engenharia social”, explica Rocha.
Um ataque bem-sucedido pode resultar em perda de credibilidade junto a clientes e ao mercado, além de perdas financeiras diretas. Há também o impacto regulatório, com a possibilidade de aplicação de multas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) em caso de descumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
A estratégia de defesa como caminho
Não existe uma única tecnologia que funcione como solução definitiva para a proteção do ecossistema financeiro. A eficácia da defesa está na implementação de um plano de médio e longo prazo, com o objetivo de elevar a maturidade em segurança da informação de forma contínua.
Para Rocha, as organizações podem utilizar frameworks de mercado para avaliar o nível de maturidade atual e traçar um plano de evolução. “A proteção de uma empresa, de qualquer segmento, depende da execução de um plano estruturado, com parceiros e soluções que ajudem nessa jornada”, finaliza o especialista da CG One.
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