Revisão de senhas deve entrar no planejamento estratégico para reduzir riscos corporativos, alerta especialista
Falhas em grandes instituições mostram que senhas fracas seguem como porta de entrada para ataques cibernéticos; especialista indica como reforçar a segurança
A segurança digital continua entre as maiores preocupações das empresas, e episódios recentes envolvendo grandes organizações voltaram a expor um ponto aparentemente simples,mas ainda recorrente, na origem de muitos incidentes: o uso de senhas fracas para proteger sistemas. Segundo o relatório da Cohesity, nos últimos 12 meses, 55% das empresas brasileiras sofreram ataques cibernéticos com prejuízos reais, e 84% delas acabaram pagando resgate a cibercriminosos em algum momento da operação.
Recentemente o Burger King chamou atenção ao revelar que usava a senha “admin” para acessar dispositivos internos, enquanto o Museu do Louvre mantinha “Louvre” como credencial de acesso para sistemas de vigilância. Além do risco direto causado por combinações tão previsíveis, o cenário atual é agravado pela disseminação de infostealers, programas que capturam credenciais armazenadas ou digitadas nos dispositivos. “Quando uma empresa utiliza senhas previsíveis, ela entrega ao invasor metade do trabalho. É uma vulnerabilidade simples, mas com potencial devastador”, explica Bruno Telles, COO da BugHunt, empresa de segurança da informação pioneira em programas colaborativos de Bug Bounty na América Latina.
O especialista listou quatro práticas essenciais para que as empresas reforcem a proteção contra invasões via senhas inadequadas.
- Revisar senhas e credenciais críticas
A primeira etapa é avaliar como as credenciais estão sendo utilizadas internamente. Isso inclui mapear usuários administrativos, sistemas antigos, acessos herdados e senhas padrão. “Senhas como ‘123456’ ou palavras relacionadas à empresa ainda são comuns e facilitam o acesso a dados sensíveis e a áreas críticas dos sistemas”, explica Telles.
O especialista reforça que adotar senhas robustas, estabelecer políticas de troca periódica e proibir combinações óbvias ou ligadas à identidade da organização é essencial para reduzir riscos.
- Uso obrigatório do MFA
A adoção do MFA, autenticação multifatorial, reduz drasticamente o risco de invasões decorrentes do uso indevido de credenciais. Ao exigir uma segunda forma de verificação, como código temporário, token físico ou confirmação em aplicativo, a empresa adiciona uma camada adicional de segurança que impede que um atacante acesse sistemas mesmo que consiga descobrir ou vazar uma senha. O especialista reforça que o MFA deve ser aplicado a todos os acessos críticos, incluindo gestores, times técnicos, fornecedores e sistemas internos sensíveis.
- Implementar ferramentas de segurança
Além de revisar credenciais, as empresas devem adotar soluções que detectam comportamentos suspeitos e bloqueiam tentativas de invasão. Ferramentas de monitoramento, detecção de intrusão e gestão de identidades ajudam a identificar acessos irregulares, reduzir falhas humanas e controlar quem acessa e o que faz dentro dos sistemas.
- Monitorar continuamente tentativas de acesso
Ferramentas de monitoramento e detecção ajudam a identificar comportamentos suspeitos, como múltiplas tentativas de login, acessos fora de horário ou logins vindos de locais incomuns. “Com visibilidade, a empresa consegue agir em minutos. Sem monitoramento, falhas simples podem passar despercebidas por meses”, alerta Telles.
- Testar rotineiramente backups
Manter cópias de segurança de dados sensíveis é uma medida eficaz para garantir a continuidade da operação após incidentes. Mais do que realizar backups frequentes, é necessário testar periodicamente a integridade e restauração, evitando surpresas em momentos de crise.
Com a chegada do fim de ano, período em que empresas revisam processos, sistemas e metas, surge a oportunidade ideal para reforçar a segurança e adotar políticas digitais mais rigorosas. “É o momento de fazer uma ‘limpeza digital’, corrigir falhas acumuladas ao longo do ano e fortalecer as defesas para o próximo ciclo”, conclui Telles.
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