Seu plano de continuidade prevê infecções globais como o Coronavírus?

Seu plano de continuidade prevê infecções globais como o Coronavírus? A infestação do coronavírus instalou um clima de tensão nas empresas.  O medo de um contágio faz com que a sociedade e as empresas mudem suas rotinas. A repercussão é gigantesca e a situação de insegurança é crescente. Companhias como McDonald’s e Starbucks anunciaram o fechamento de parte de suas lojas na China. Algumas empresas estão retirando expatriados das áreas mais críticas. As companhias aéreas estão suspendendo voos para o país e até a indústria de entretenimento sente os impactos com o fechamento de cinemas e parques nas regiões próximas afetadas.

Mas eventos relacionados a riscos à saúde e surtos em grandes proporções não são os únicos fatores que podem impactar o mundo dos negócios de forma drástica. Desastres naturais, guerras e terrorismo também geram preocupação e trazem impactos crescentes à medida em que as cadeias de suprimentos estão mais complexas e interdependentes. Podemos exemplificar com o Tsunami de 2011, que ocorreu no Japão, mas que trouxe demissões de funcionários de uma montadora no Brasil e redução da produção por falta de peças.

A cidade de Wuhan, considerada o epicentro do novo coronavírus, possui mais de 500 fábricas e outras instalações. A região precisou ser isolada e não há perspectiva sobre a duração dos bloqueios. Também, não se sabe em que condições os trabalhadores voltarão aos seus postos de trabalho, seja pelas questões do feriado do Ano Novo Chinês ou por estarem infectados. Assim, mesmo que as empresas retomem à operação, a produtividade certamente será reduzida. E haverá impacto em outras companhias que se relacionem com as operações desta região.

Empresas que possuem uma cadeia de suprimentos global de alta complexidade, precisam reagir rapidamente a esses eventos. Muitas delas têm estratégias de diversificação de fornecedores, aumento da capacidade de armazenagem, crescimento dos níveis de estoque e revisão da alocação de suas operações. Adicionalmente, muitas utilizam softwares de monitoramento global, que permitem receber tendências e alertas tão diversos como volatilidade de preços de commodities, alertas de furação ou fechamento de portos. Sabemos, entretanto, que a grande maioria ainda opta por uma postura reativa, mobilizando uma grande força tarefa quando essas situações ocorrem, sem perceber que perdem um tempo precioso pela falta de preparo.

Um case que ocorreu há alguns anos, mas que pode servir de exemplo por sua magnitude foi o ocorrido em New Orleans com o furacão Katrina, que devastou a cidade. Já tentando minimizar os prejuízos prováveis, algumas empresas se anteciparam e implantaram planos de emergência para garantir a continuidade das operações e a segurança de seus funcionários. Pode-se citar o caso da P&G, que transferiu os seus estoques para outro local, adiantou salários para funcionários, realizou ações junto aos varejistas para proteger o seu espaço de prateleira. Com isso, pode retomar as operações da planta três semanas depois do furação e alcançar praticamente os mesmos volumes distribuídos em relação ao ano anterior

Para se anteciparem a situações de crise, cabe às empresas mapearem possíveis cenários de ruptura, avaliando os impactos aos negócios e probabilidade de ocorrência. A visão integrada deve ser considerada, analisando toda a cadeia e não somente acontecimentos pontuais. Diariamente, ocorrem eventos de toda natureza com uma frequência cujas dimensões não conhecemos e não conseguimos mensurar. É fundamental definir as possíveis estratégias de contingência, que se mostrem viável economicamente, mas que também suporte a sua presença no mercado e a segurança dos stakeholders. Não se pode esquecer de realizar simulações e testes para verificar sua efetividade e necessidade de ajustes.

A primeira onda de impacto econômico sobre as cadeias de suprimentos do vírus já está sendo sentida pelas empresas com grande exposição à China.

  • A Tesla foi forçada a fechar temporariamente sua nova fábrica construída em Xangai e está avaliando se a cadeia de suprimentos para carros fabricados em sua fábrica na Califórnia será afetada.
  • A General Motors, que no ano passado vendeu mais carros na China do que nos EUA, disse que suas fábricas chinesas estarão fechadas por pelo menos mais uma semana, a pedido do governo.
  • A Ford e a Toyota também desativaram algumas de suas fábricas de montagem e isso deve continuar em meados de fevereiro.

A estatura formidável da China na cadeia global de suprimentos de tecnologia tem muitos grandes gigantes multinacionais se preparando para a ruptura. Talvez não haja exemplo melhor do que a Apple:

Cerca de 290 das cerca de 800 plantas mencionadas na lista global de fornecedores da Apple estão localizadas em regiões que atrasaram o retorno ao trabalho.
A indústria de precisão Hon Hai de Taiwan, que produz a maioria dos iPhones do mundo, sofreu sua maior queda no preço das ações em quase 20 anos.
Apesar de não ter que fechar nenhuma de suas fábricas na China, o fornecedor da Apple, LG Display, alertou que o surto aumentou a incerteza para os fornecedores.
E em 18 de fevereiro, a Apple juntou-se a um número crescente de empresas públicas para alertar sobre o impacto nas receitas devido a atrasos na produção após restrições de oferta global e demanda enfraquecida na China.

Embora os gigantes do Vale do Silício, como a Apple, se preparem para cenários extremos como o coronavírus, exigindo que os principais componentes sejam de fonte dupla – tanto em termos de fornecedores quanto em geografia – qualquer impacto imediato importante nos planos de produção é improvável por enquanto.

O coronavírus certamente criou um ambiente mais incerto e a escala do impacto a curto prazo é grande, mas o impacto a longo prazo nas empresas dependentes da China é muito menos claro. Os efeitos do vírus nas cadeias de suprimentos, que se tornaram notoriamente complexos, são difíceis de prever. As próprias empresas geralmente não conhecem os fornecedores de três e quatro degraus da cadeia. Isso significa que métodos mais fortes e mais robustos de mitigação de interrupções na cadeia de suprimentos precisam ser desenvolvidos.

O papel essencial da China na cadeia de suprimentos global significa que empresários e executivos de todo o mundo estão sendo forçados a contemplar o que acontecerá em uma crise prolongada. Isso pode causar uma mudança radical na forma como os negócios são realizados entre a China e o resto do mundo. Já estamos vendo empresas multinacionais reavaliar suas cadeias de suprimentos, devido ao aumento dos salários na China e às tensões da guerra comercial, para reduzir suas pegadas de produção no país. Poderia o coronavírus ser o ponto de inflexão para o domínio da China deslizar?

Uma coisa que sabemos é que esse surto é um lembrete de que o mundo não está pronto para uma pandemia .

Muitas outras epidemias originaram-se na mesma região, coincidentemente ou não, as principais que se alastraram pelo mundo nos últimos 20 anos, iniciaram na China, não sabemos exatamente o porquê, mas a lição aprendida é que nossos planos de continuidade devem considerar os cenários de crises originários da China. 

Ninguém sabe quanto tempo durará o surto de coronavírus, até que ponto se espalhará ou quantas vidas reivindicará. É impossível calcular até que ponto isso prejudicará a economia chinesa e global. Mas uma coisa que sabemos é que esse surto é um lembrete de que o mundo não está pronto para uma pandemia.

Portanto, as empresas devem ser vigilantes, detalhadas e precisas ao registrar como gerenciam a crise. Isso será inestimável, pois a reação deles será um plano para gerenciar o próximo surto – que deve ser muito mais letal.

No caso que estamos presenciando em função do coronavírus, algumas ações rápidas podem ser assumidas pelas companhias, como:

– Identificar se possuem fornecedores nas áreas que estão sendo afetadas e definir um plano de abastecimento, considerando inclusive o aumento dos níveis de estoque, ou mesmo espelhando serviços de hosts existentes ou criando rotas alternativas caso a região se torne indisponível. 

– Verificar se seus funcionários possam ter sidos expostos ao vírus e oferecer alternativas de trabalho remoto. Além disso, realizar comunicações educativas para esclarecimento da situação.

Reforça-se que as empresas não devem esperar serem surpreendidas pelas crises para se prepararem. E que não somente os grandes eventos globais merecem atenção. Em nosso país, são inúmeros os casos de acontecimentos que geram interrupções. Enchentes e deslizamentos ocorrem com grande frequência, atingindo grande parte das cidades brasileiras, causando mortes, destruição e perdas financeiras.

A OMS declarou emergência global por conta do coronavírus. por isto é importante que as ações de continuidade e contingência sejam planejadas de acordo com o grau de criticidade. Ou seja, as decisões devem refletir o tempo de interrupção e a evolução do cenário.

Fonte: Saúde Business & SAI Global

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